segunda-feira, 1 de abril de 2013

dê flores agora

em recente velório tive uma percepção...

muitaaas flores! lindas flores, muitas cores, muitos cheiros e muita beleza naquelas flores... mas ao fundo um contexto conflitante: a tristeza... em meio à alegria de flores coloridas, a tristeza cinza da morte...mas então por que flores? seria a morte uma festa? que assim sendo, é celebrada com flores?

fiquei pensando quantas flores aquela pessoa recebera em vida... ou seria a vida celebrada de outra forma? infelizmente não... o que eu vejo é a vida sendo levada, apenas seguida e nela, não damos flores, nem abraços, nem telefonamos para quem amamos, não nos interessamos por quem convive conosco, não ajudamos, não partilhamos, não pedimos perdão...

pois bem, nada disso feito em vida, do que vale fazer no leito de morte? onde os abraços não podem mais ter o calor e a reciprocidade, os olhares não podem ser correspondidos, o perdão não pode ser dado?
ao meu ver, em nada...

então que seja celerada a morte com flores... mas a morte de padrões desnecessários, de mágoas que não nos levam a nada, de rancores que nos atrasam, de individualismo exacerbado... a morte do que nos afasta do bem e do amor, mas ainda neste corpo... que pode sorrir e tocar... que pode beijar e afagar...

para que quando desencarnarmos, seja realmente apenas o retorno ao lar... a volta para da onde fomos providos: nossa Mãe Terra... pois dela viemos e para ela retornamos!
eu quero flores agora! pois quando eu morrer, não vou precisar... já terei sido uma flor em vida, já terei perfumado minhas relações e continuarei sendo no leito de nossa Mãe, enfeitando algum jardim... que poderá enfeitar mais outras vidas, celebrando este pulsar, AQUI E AGORA.

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